"PENSAMENTOS DE L.MEIRA" (PARTE 6)

Luís Fabiano, a Amélia dos brasileiros?

Brasileiro que é brasileiro e se preza, alude os prazeres da vida a torcer pelo seu time de futebol do coração, beber uma cerveja gelada com os amigos ou no sofá de casa mesmo e, claro, ter uma nega veia como companhia na cama quentinha ou na hora de fazer aquela comida caseira e bem servida. Porém, será que é mesmo assim? Como se fosse uma fórmula ou talvez a equação das antigas aulas de física e química para a satisfação do homem em seu meio social?

Óbvio que não. O homem é dotado do pensamento (criação, raciocínio, imaginação,...) e nele se enraíza os mil devaneios, as peraltices de crianças, o lado filme, desenho animado, o alter-ego , os outros egos, e, por conseguinte nos tornamos assim, seres sempre insaciáveis na busca do além do que podemos ser (será?) – sem contar que somos críticos e eternos insatisfeitos. Pois muitas vezes possuímos de um tudo o pouco que nos bastava para o suficiente, a menos que esqueceram de avisar que o homem não sobrevive com o básico e que ele aprendeu a querer mais e mais e mais. Ou, aliás, o melhor, do melhor, do multi-melhor, do supra melhor. Até inventarem um Mega-Ultra-melhor, que ele vai querer ir atrás provavelmente também.

O Luís Fabiano, centroavante da seleção brasileira, eu pego como exemplo. Olha só, o cara fede a gol, artilheiro nato, põe dentro das redes de tudo que é jeito; tem pequeno ou sequer zero seu histórico de lesões graves; suas estatísticas apavoram em aproveitamento x gols - seja com as camisetas de clubes que atuou ou da própria amarelinha da seleção; a plástica dos seus gols também falam alto na hora de qualquer comparação, já que ele não é daqueles número 9 à lá Jardel (nada contra) que apenas faziam gols de cabeça ou de xiripa; ele decide em clássicos e em jogos importantes; é valente e aguerrido (não daqueles pipoqueiros que quando o bicho pega somem do jogo); não se importa com a aparência e com a mídia, simplesmente joga seu futebol de boca fechada e raramente cria polêmica desnecessária e sofre com os holofotes; Ressaltei todas essas qualificações para logo a seguir questiona-lo sobre o que não me cala, o principal: Mesmo assim ele é garantido o número 9 da melhor seleção do mundo? Não, e essa será a resposta de 90% do mundo com as mais diversas justificativas incabíveis.

Mas por que não??? - eu insisto ironicamente! – O Luis Fabuloso é a Amélia dos brasileiros, minha gente! Faz com capricho de tudo um pouco, a boa comida, a casa arrumada, a roupa lavada, o prazer antes do descanso, o afago na hora certa. Então, isso não basta? O que ele precisa para convencer? É por ele não ser pop star o suficiente para com o glamour da camisa que veste que o faz não prestar?...Realmente não vai adiantar eu me debater comigo mesmo para achar uma única resposta como se fosse uma questão objetiva de vestibular. Voltando assim a idéia inicial, é perene ao homem o inconformismo, esse desagrado que parece mais uma implicância com o unânime, com um dito “ideal”, comum a todos.

Da mesma maneira que o bom moço e bem casado com uma mulher direita, bonita e de família se atrai pelo rabo de saia que passa na rua ao lado, de saia curta e sutiã vermelho meio à mostra, mesmo sabendo que nunca irá ganhar nem um “oi” da fulaninha, ele a admira com os lábios presos e os pelos arrepiados a sensação de imaginar como seria pelo menos por alguns momentos ela dividindo a mesma cama que ele. Claro, a mulher do outro é sempre mais atraente! Ou ainda, outra situação, sob o olhar de menosprezo do seu vizinho quando você aparece com o carro novo e ele tem a cara de pau de falar que não gostou tanto da cor escolhida por você. Claro, os bens matérias dos outros lhe parecem sempre mais interessantes! No âmbito do futebol e da seleção, isso também não seria diferente, sempre um engraçadinho relembrará o Ronaldo fenômeno e dirá que gordo ou não, ele é o 9 da seleção eternamente. Outro arriscaria a dizer com tom de deboche: “é..., por agora tá bom L.Fabiano, mas pra copa do mundo tem que vir outro, né, Dunga!?”

Concluindo, o atacante que virá é sempre melhor que o atual, o que está! Acredito que na vida seja assim também. Com os cargos em suas profissões, com os bens materiais e até mesmo com as nossas paixões...seja o que (qual) for, basta ser para já não servir mais, estar dentro para cair fora, existir para falecer.E assim, numa incessante busca pelo utópico, pelo que poderá vir ou talvez pelo imaginário mesmo que adormece solitário nas cabeçinhas de cada um por aí.
Será que nesse mundo moderno de hoje, nem a Amélia mais consegue nos agradar?

L.Meira