quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"PENSAMENTOS DE L.MEIRA" (PARTE 8)



Search HERE NOW!

São 03h38min da manhã e não sei o que achar. Sim! Do procurar, do verbo search no inglês - encontrar; de quem procura algo; interessado a investigar; busca de algo ou alguem. É estonteante notar milhares de sites (ignorando, é claro, os específicos de busca) com as tais barras retangulares o bastante para não serem quadradas e límpidas, claras o suficientes para rabiscar qualquer letra como a mão de uma criança faceira que recém conhece a caneta e um papel branquinho à sua frente que rabiscando o sol com traçado torto não diferencia de simplesmente jogar fora toda tinta da esferográfica. Quase sempre bem acompanhadas de uma lupa ao lado, esses espaços bem traçados e atraentes aos olhos de quem sabe ou de quem nem pensou sequer em achar bulhufas, indicam a qualquer poliglota, analfabeto ou idiota a mesma impressão (intenção): ENCONTRE AQUI o que você precisa. Mas alguém me dê um alento, exatamente o que eu perdi para eu ter de achar aqui?

Não estou bêbado nem nada, só com aquela pequena sonolência do estar acordado há muito tempo. Entretanto fui até a minha geladeira para conferir se ao abri-lá não surgiria de algum compartimento, lugar escondido, até mesmo embaixo da garrafinha de yogurte, uma barra de search ‘piscandinha’ para eu digitar qualquer coisa, tipo SUCO DE UVA. E, logo em seguida viria o resultado: “Desculpe, não encontramos o item solicitado.” – complementado por “Tente, SUCO DE LARANJA!” Sim, de novo! Esse mecanismo espantoso possui naturalmente uma generosidade e hospitalidade irritante depois de você erroneamente solicitar sua ajuda. Sempre opinando com novas sugestões num toque de petulância extremamente exacerbada (forcei na redundância!). Eu é que sei o que eu gosto e o que eu pediria se não fosse suco de uva! Ora, bolas! Não fica tentando adivinhar o que eu quis dizer, muito menos o que eu quero procurar!

Nesse contexto todo, fica fácil deduzir que a internet tenta sempre antecipar as faltas e as necessidades da nossa vida. Seja ela em si mesma de sociedade em formação e de povo costumeiramente dependente de serviços e nada auto-suficiente, como também no papel de intervir às nossas lacunas pessoais e particulares. Só insisto em reprimir. Simplesmente não quero achar nada em dadas circunstâncias ou ocasiões do meu dia, Posso? Obrigado! Querer o inesperado não se pode mais agora?! Sei lá também o que quero, posso ficar sem querer buscar nada por algum instante sem ninguém daí dessa tal rede mundial de computadores ficar me tentando a novas buscas. Já não sou muito adepto aos que tentam agradar demais e, essa coisa do facilitar, por ora, também não soa agradável.Me passa um ar de trama, paranóia, talvez, de alguém querer me ajudar para querer algo em troca.

Contudo essa pressa do ser humano me parece inata. A luta constante com a insegurança de estar sozinho e bem sozinho, todavia ‘ter’ que arranjar uma namorada. Para que de novo? A incansável jornada dupla de trabalho toda à custa de um apartamento novo que ainda está na planta para se mudar. Pra atestar que se tem casa própria? Sem esquecer do carro de modelo ultra-novo-moderno que mal saiu na concessionária e você mesmo tendo acabado de quitar o seu, escuta o vizinho do lado dizer que “tá bonito demais esse carro novo que saiu,heim!” então você vai lá e...pá!!! Mais um carnê pra se pagar nessa incessante busca pelo “nãoseisequeromasparecequeprecisoiratrásdealgonovo”. Semelhante a uma caça ao tesouro – onde o tesouro não é sabido bem ao certo. O importante é dizer pra alguém que está ocupado buscando algo. Ter primeiro o prêmio então, nossa! Torna-se mérito inenarrável para o caçador da conquista.
Uma amiga minha já dizia: quem procura não acha! Comecei a concordar com ela, é o tempo mesmo que se encarrega de ajeitar as coisas. Atalhar poderá dar uma falsa impressão que o caminho foi conquistado, sendo que previamente ainda nem se sabia para onde queria chegar. Caso se perca, depois será inevitável passar por esse ciclo forçado onde se ocupa e se transborda de tudo para gozar do que não era pra ser e se arrepender com o que poderia ter sido. Muito de tudo para preencher um muito de nada que no fim não deu para se satisfazer. A famosa corrida errada, a busca à toa. Que essa creio eu, o Google ainda não sabe identificar em seus usuários.

Por isso não se desgaste tanto tentando achar. Apenas fique firme e mais atento para não deixar escapar o que está perto de você. Isso, se você sabe o que você quer. Se não sabe e não faz questão também, abra um site qualquer! Pode ser que lá você ache uma bicicleta de 18 marchas cromada que valha à pena ter!
...Ou “você tentou dizer ‘garotinha loira de 18 anos malhada’?”
I´M FEELING LUCKY!!!




L.Meira

3 comentários:

  1. "....E se ,porventura ,nos degraus de um palácio,sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto,a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar,pergunte ao vento,á estrela...pergunte que horas são:eo vento ,a estrela...responderão:" É hora de embriagar-se!Para não serem os escravos martirizados do tempo,embriaguem-se;embriaguem-se sem descanso."com vinho,poesia ou virtude,a escolher."

    Charles baudelaire.

    e assim mostro minha admiração e meu gosto para com o texto ,e respectivamente ao nosso interlocutor.

    nati,

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  2. Prof. Pasquale Cipro Neto:
    Agradecemos ao Blog do Capeta a visita ao site. Estamos a disposição para qualquer correção que se fizer necessária.
    http://www.professorpasquale.com.br/site/home/index.php

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  3. Agradecemos ao Blog do Capeta a visita ao site. Estamos a disposição para qualquer correção que se fizer necessária.

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